quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fita


Mais perto chega, mais longe fica.
Uma fita que a gente estica e depressa escapa à mão.
Frase que a boca derruba e cai no chão,
tanto faz agora se ode ou palavrão.

Distante, o instante brinca, finge ser eternidade.
De repente é adulto, lança pergunta de vulto:
por que tão cruel quando feita de mel
a saudade?

E outras questões se desprendem dos elos do tempo,
singelos arranjos de banjo a indagar:
e a rotina, quando é que chega
para o baile à fantasia?

E a menina, quando é que volta de lá?
Por que tapa os olhos a neblina que baixa?
Por que, fora da caixa, a música não toca,
o mundo não roda, a bailarina não dança?

Por que, fora da caixa, a bailarina cansa?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Domingo


Esta chuva diz muito, infiltrações nos documentos de identidade, gotas esguias nas áleas do ventre, entra e sai de perfumes e pensamentos, lentos respingos de um domingo que só o foi porque a semana deve começar, porque Deus quis que, apesar das nuvens, ela começasse feliz.