Uma vez, na aula de italiano, precisei descrever como era o lugar dos meus sonhos.
Modéstia à parte, fiz um bom trabalho para quem estava começando a aprender. Caracterizações bem trançadas, um final decente e razoavelmente poético, dentro das possibilidades.
Não entreguei, porém, a redação. Até hoje está devidamente guardada, recordação que é de um tempo no qual eu acreditava naquelas palavras.
Minha pergunta, hoje, é outra. Como são os sonhos do meu lugar? Quais as chances de se realizarem? Qual a importância de se realizarem, se intactos e puros no carrossel da hipnose?
Precisaria de muito papel para esta redação. Ao mesmo tempo, de quase nenhum. De meia dúzia de nomes próprios que levam o oceano a meus olhos e fazem que eles vejam o infinito. De uma conversa simples em uma mesa simples ao redor da qual nada precise acontecer. De um sorriso que é metáfora, pleonasmo e superlativo da felicidade.
De saudades afagadas pela intensa vitalidade do amor que as sucedeu.
(25/04/2016)