quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Dez anos
Dei-me conta de que, por esses dias, está fazendo dez anos de um evento que marcou profundamente a minha vida: passar na Unicamp.
Fazer uma faculdade de medicina
ensina muitas coisas, mas a principal delas é a percepção do quanto somos
dependentes e semelhantes uns em relação aos outros: colegas, pacientes,
profissionais da saúde. Deparando-se com a escassez, o descaso, a solidão e as
dúvidas, temos a chance, rara na vida, de ver realçados os pontos de contato e
comunidade com quem está ao redor. Isso em um momento de verdadeiro turbilhão,
com pressões as mais variadas combinando-se sobre o aluno.
Com esta década de distância, em
um balanço muito cru e sincero, acredito que aproveitei algumas dessas
oportunidades e outras não – balanço, aliás, que vale para a existência em
geral. Entre aquelas que aproveitei, não poderia deixar de agradecer aos
docentes, alguns dos quais, inclusive, acompanhando-me ainda hoje, presentes
nos pequenos passos que arrisco. Pessoas a quem dá gosto chamar de professores.
O mesmo a respeito de meus
colegas de sala, tanto os de 2005 quanto os que vieram depois. É muito bom
vê-los desenvolvendo suas carreiras, não só em Campinas como em diferentes
locais do Brasil. Torço por eles como se fosse eu quem estivesse ali, pela razão
única e bastante de que, no lugar deles, gostaria muito de ter como amparo tal
sentimento, sobretudo lidando com a questão mais delicada do ser humano, que é
a sua saúde.
Finalmente, o intangível. O cair
das tardes, o ir e vir de faces, a névoa dos olhos, o silêncio das manhãs.
Fragmentos de histórias anônimas conjuminando-se a resíduos de cores,
construindo vitrais em catedrais de sensações disseminadas por cada músculo meu
que se move, cada pensamento que se refaz. Verdade que, o concreto já sendo
difícil, que se falar do abstrato? Deste tato tão pessoal quanto inútil para os
outros? Que importância senão para mim mesmo?
Verdade! Como verdade também que,
muitas vezes, uma estátua é tudo, menos a matéria de que é feita. Uma estrada é
tudo, menos as pontas que lhe dão sentido.
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