domingo, 18 de setembro de 2016

Caçadores de hipocrisia

 
Se você pegar os candidatos a prefeito e vereador, descobrirá, em todos eles, uma série de hipocrisias. Nem carece grande esforço intelectual. Elas já vêm prontas para consumo.

Diz-se mais: se você apontar os governantes, sejam eles do executivo, legislativo, judiciário, estejam depostos, empossados, falecidos, investigados, presos, foragidos, à esquerda, à direita, no mundo da lua ou do cão, vai encontrar mais um monte delas. Um Everest!

Se, indo além, mirar imprensa, atletas, artistas, movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos, igrejas, mesmo as raras associações verdadeiramente caridosas, que não sugam o erário e, ao contrário, geram tesouros de esperança, achará, em cada qual, mais uma porção.

Se, na ânsia de se convencer, escarafunchar o comportamento dos seus vizinhos, amigos, parentes, mesmo aqueles que você mais ama, nem precisa que a viagem chegue ao âmago: o olhar mais benevolente que se lhes dê não impedirá a revelação de mais uma penca.

Agora, se você quiser, de verdade, exceler no mister de caçador de hipocrisias; se desejar, do fundo da alma, contemplar a miríade mais vasta dessas formidáveis criaturas, vá ao espelho. Observe-se sem pudor. Liberte o reflexo dos grilhões do orgulho e deleite-se com o maior espetáculo da Terra.

Porque caçar hipocrisia lá fora não requer nenhum trabalho. Basta abrir a palma da mão e recolher a abundância. Difícil é sair do gabinete de si e admitir, sem subterfúgios, que as portas talvez tenham ficado fechadas tempo demais.