domingo, 14 de dezembro de 2008

Sonho


Por um instante, senti revelado o mistério da vida. O milagre da vida. Senti o frescor da brisa contra a pele, a me dizer por que seguir. Por que sentir. Senti-me estrela em palco montado só para eu brilhar, mais ninguém...
Mas ninguém! Ninguém para contar...

Havia alguém.
Quem?
Não importa.

Importa é que este alguém guardava as chaves do segredo. Importa é que se abriu a porta e eu vi. Eu senti, por esse alguém, quem eu queria ser. Achei o caminho oculto nos desenhos enegrecidos de um mapa que tanta confusão trouxera-me aos dias. Tantos destinos inequívocos sentenciara como certos. Encontrei o que buscava e, melhor de tudo, encontrar fez-me ainda mais desejar o que buscava. Deu-me fome de eternidade, sede de infinitude. Deu-me atitude romântica quando já conformado em equilibrar-me sobre as pedras bambas da realidade.

Quem era, afinal?
Já disse, pouco importa. É tudo simbólico. Quem era talvez não fosse, ou já tivesse sido até demais que eu nem mais quisesse. Quiçá fosse eu mesmo, vestido de saias e madeixas e hipnose no olhar.Importa é que, por linhas tortas, Deus multiplicou o pão da esperança em meu coração. Importa é que Ele derramou vinho no arco da aorta e o que corre agora em minhas veias deixa-me bêbado de vida. Ávido de amar e ser amado, e ser achado, e ser alado. Sair voando como voei pelo céu de uma boca que não beijei, e nem precisaria ter beijado...

Era Deus?
E quem é Deus? Deus sou eu, você, nós, vós, eles... Deus é "a", é "l", é "n"... Perene e solene como os nomes e as letras.

Importa é que, dado momento, a emoção era tanta que me belisquei para atestar a veracidade. E, pior, senti a carne em minhas mãos. Senti o osso, os pêlos. Tive certeza de que estava vivendo o sonho - talvez o mais doce e real dos últimos tempos. Ou melhor, real na sensação, no coração, porque na verdade não fazia o menor sentido. Nem sei como cheguei a crer que fosse possível.

Pobre de ti, quando despertaste, então...
Pobre nada! Foi ótimo.
Masoquista?
haha, de jeito nenhum...

Importa é que sei que não sou nada sem essa atitude romântica. Faz parte de mim, para sorte ou azar, ou nenhuma das alternativas anteriores. E este sonho foi resgatá-la no fundo de um abismo, em meio a sismos e cataclismas. Como disse, deixo que os símbolos sejam só símbolos e valha mesmo a essência.

Valha só o que ficou de presença em sua ausência...

07/12/08

3 comentários:

Allan disse...

Valha mesmo nada mais senão esta lembrança, que se quebrou, uma vez mais, a confiança...

Ainda resta uma esperança! Uma atitude que, ao sinal vermelho, ainda assim avança, por cansar de ser criança...

Anônimo disse...

Allan,

Mais uma vez vc surpreende com seus escritos.Belo trabalho.
Tal silencio- para minhas respostas - sera fruto do seu trabalho? estou sem acesso remoto a minha cx postal.POR FAVOR,entre em contato comigo via sergio.ignacio@yahoo.com.br.
abraco,( teclado sem acentos)
Sergio

Daniela disse...

É tão fantástico ler suas coisas, tem horas que parece que eu estou falando por elas.