sábado, 1 de setembro de 2012

Trem


Em algum lugar do mundo, ainda que lá no fundo, mesmo que por um segundo, eu sei que você sorri. E chora enquanto sorri. E a lágrima, que desce salgada dos olhos, ao percorrer a pele do seu rosto, ao ir se dando conta da beleza do caminho, morre doce na boca, quase contente de fenecer.
 
Pois o que as pessoas não saem contando por aí é que, às vezes, o mar quem faz os rios. O sol quem faz os frios. O medo quem traz os brios. E o que as pessoas não saem contando por aí é que, detrás do véu, pranto e mel patinam juntos no lago congelado da memória, confundem-se numa só infusão, esperando de mãos dadas voltar o verão, estação do seu bem.
 
Este trem, porém, o verão não toma, o verão não volta, o verão apenas vem.
 
E é preciso se conformar.
 

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