segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Amor e política


A julgar por aquilo que acontece no mundo (cada esquina, cada lugar), não, as declarações de amor cívico e universal das redes sociais não causam epifania no coração de governantes malvados, os quais, tocados pelo doce som da harpa da concórdia, cancelam suas ambições em benefício da paz e do entendimento.

As evidências, aliás, são de que sequer aumentam o estoque bruto de amor no mercado. Ao contrário, causam um aumento drástico dos juros cobrados sobre o sentimento, além de provocar cinismo e indiferença nos cidadãos quanto à eficácia e conveniência do regime.

Por isso, se você me perguntar se existe amor em São Paulo, eu digo: claro que existe. Existe amor em Paris, na Nigéria, na Indonésia? Sem dúvida que sim. Mas amor não impede atentados e massacres, amor não interfere nos corredores da morte nos cinco continentes, amor não existe na diplomacia brasileira, amor não redunda em ordem ou desordem pública, progresso ou atraso material, mobilidade ou paralisia urbana.

Não se faz política com amor, como não se faz amor com política.

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