quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Árvore


Tinha uma pequena árvore, pela qual passava, que haviam enfeitado no Natal. Eram luzes simples e bonitas, que davam um aspecto etéreo ao conjunto. Não sei que sensação de plenitude e encanto me dava ao olhar para ela. Até torcia para o semáforo fechar; para, quem sabe, nunca mais abrir.

Há poucos dias, passei à noite e, necessariamente, as luzes não constavam mais. Repeti a passagem, agora em um fim de tarde, e, para minha surpresa, a árvore conseguira se superar: repleta de miúdas flores lilases, prende os olhos de qualquer alma minimamente feliz.

Por que o desejo de partilhar esta observação tão pessoal - e, a rigor, tão inútil - não sei. Talvez para concluir que o que é belo, belo será, não importa o tempo ou os adereços. Talvez para me convencer de que há mais esquinas em cada esquina do que supõe nossas vãs plantas urbanas. Talvez porque o semáforo, atendendo minhas preces, aguarda gentilmente o devir destas palavras.

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