sábado, 4 de abril de 2009

De repente é um belo dia


De repente, a gente gosta. Não se sabe por onde, por quando, por quê. Por isso, o de repente. Por isso, a torrente, a serpente, o envolvente. Inconseqüente.

Um belo dia surge e daí em diante urge, como fora, desde sempre, de uma precisão vital. O sal da água da mar.

De repente, fica-se torcendo pra que seja mesmo engraçado o comentário que se fez, só para que ela ria e faça sentido o dia. Fala-se o mais trivial em busca de aprovação. Os olhos procuram desvendar um traço de ternura nos olhos que estão do outro lado. A manhã tem mais vigor, mais alegria, mais beleza na calçada, na alvorada.

Um belo dia tem-se a pretensão de adivinhar cada pensamento. Antecipar cada movimento. Justificar cada diferença ou aversão com argumentos de coração, que não exigem retidão metodológica nem rigor científico. Vale só o doce aroma que se quer vindo da boca, em lufadas perfumadas de silvestres estações.

De repente, não é que se esqueceu da hora. Apenas os ponteiros mudam de direção. O tempo vai em outra escala, tira um cochilo no sofá da sala. Não quer nem saber de passar voando. Ainda assim, quando se gosta, mais depressa parece correr. Não há tempo a se perder.

Um belo dia, sobra louça sobre a pia e ele, que antes desaparecia, corre agora com alegria, a lavar, prato por prato, copo por copo, como escrevesse poesia.

E ainda por cima assobia...!

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