Mais longe que o sol
e sua luz me atinge
decifrando a esfinge
que
ora me devora
Sei que esta hora, em algum lugar, ela está cantando, porque canta como um
rio corre ou como o vento sopra. Talvez não se lembre, talvez não me conheça,
talvez se esqueça rápido dos nomes e das faces. Talvez não exista uma tarde como
aquela, de lábios vermelhos, de laços dourados, de dentes que mordem veias de
licor e chocolate. Talvez as pedras não falem, o canoeiro não cruze o
quadro remando para o norte, os amigos em comum sejam carteiros ou garis. Talvez
proibido ser assim feliz.
Que não passe de um delírio.
Que seja, aliás, lírio, não rosa.
Que
seja um bordel ou monastério.
Sério: não muda.
Pois sei que esta hora, em algum lugar, ela está cantando, e eu também estou.
E isto basta por enquanto.
Isto basta, por encanto.
2 comentários:
Nossa, Allan! Que bonito!!!!
Margareth
lindo e delicado como sempre.
<3
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