segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Por enquanto


Mais longe que o sol
e sua luz me atinge
decifrando a esfinge
que ora me devora

Sei que esta hora, em algum lugar, ela está cantando, porque canta como um rio corre ou como o vento sopra. Talvez não se lembre, talvez não me conheça, talvez se esqueça rápido dos nomes e das faces. Talvez não exista uma tarde como aquela, de lábios vermelhos, de laços dourados, de dentes que mordem veias de licor e chocolate. Talvez as pedras não falem, o canoeiro não cruze o quadro remando para o norte, os amigos em comum sejam carteiros ou garis. Talvez proibido ser assim feliz.

Que não passe de um delírio.
Que seja, aliás, lírio, não rosa.
Que seja um bordel ou monastério.
Sério: não muda.

Pois sei que esta hora, em algum lugar, ela está cantando, e eu também estou. E isto basta por enquanto.

Isto basta, por encanto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Allan! Que bonito!!!!
Margareth

Rê! disse...

lindo e delicado como sempre.

<3