quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Ponto

 
Na primeira aula de desenho geométrico, diziam que a definição de ponto era a de algo sem dimensão.
 
Para a matemática, vale. Para a vida, não. Um ponto, ou melhor, um evento pontual, esconde toda uma cadeia. Uma palavra advém de incontáveis rascunhos formulados na imaginação, às vezes no coração. Um olhar guarda a soma de tudo o que se viu e se quer ver. Uma atitude reflete uma paisagem do interior. O que se mostra ao mundo, por intermédio de um gesto, são os fiapos extremos de um tecido imenso, zelosamente trabalhado nas oficinas do sentimento.
 
Importante ressaltar, porém, que, no ato próprio de se mostrar, o fiapo não é mais fiapo, é o tecido em sua inteireza. O olhar é o sentido da visão. A atitude é o âmago. A palavra é a alma, é o amor.
 
O ponto, único porto plausível do humano entendimento, a que se devia dar mais consideração mesmo nos dias corridos; mesmo nos tempos trevosos, de geométrica ressaca.
 

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