Na primeira aula de desenho
geométrico, diziam que a definição de ponto era a de algo sem dimensão.
Para a matemática, vale. Para a
vida, não. Um ponto, ou melhor, um evento pontual, esconde toda uma cadeia. Uma
palavra advém de incontáveis rascunhos formulados na imaginação, às vezes no
coração. Um olhar guarda a soma de tudo o que se viu e se quer ver. Uma atitude
reflete uma paisagem do interior. O que se mostra ao mundo, por intermédio de
um gesto, são os fiapos extremos de um tecido imenso, zelosamente trabalhado
nas oficinas do sentimento.
Importante ressaltar, porém, que,
no ato próprio de se mostrar, o fiapo não é mais fiapo, é o tecido em sua
inteireza. O olhar é o sentido da visão. A atitude é o âmago. A palavra é a
alma, é o amor.
O ponto, único porto plausível do
humano entendimento, a que se devia dar mais consideração mesmo nos dias corridos; mesmo nos tempos trevosos,
de geométrica ressaca.
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