De pouco tenho certeza, muito pouco. E, por pouco, canônico, é que vale tanto, vale virtualmente tudo, cada piscar dos olhos, sístoles e diástoles mundo afora, nesta viagem que é a vida.
De pouco tenho certeza, de algo não tenho dúvida: os grãos, sim, os grãos, insignificantes grãos como os que formam o pólen e a paz cotidiana, os grãos são o que abre caminhos, estica tempos, proclama sonhos, reduz atritos.
Grãos, também, o que macula, magoa, macera, maltrata: um grão de negligência, um grão de indiferença, um grão de deixa pra mais tarde ou você não liga, não é mesmo? Pequenos pontos que borram o céu, pesam os ventos, truncam palavras tão mais bonitas quando ditas todas juntas, sem reparo.
Os grãos, tão desimportantes e inofensivos quando descuidados por um dia, o que é um dia, afinal? Um grão na ampulheta, um grão que passa e a parede descasca, o formigueiro cresce, o piso cede, a noite cai.
Um dia e mais um dia, a gente corrige, dá tempo depois, claro que sim, que, enfim, não dá.
Um dia e mais um dia, a gente corrige, dá tempo depois, claro que sim, que, enfim, não dá.
Os grãos, a Terra, a pá.
As mãos.
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