segunda-feira, 25 de abril de 2016

Redação

 
Uma vez, na aula de italiano, precisei descrever como era o lugar dos meus sonhos.
 
Modéstia à parte, fiz um bom trabalho para quem estava começando a aprender. Caracterizações bem trançadas, um final decente e razoavelmente poético, dentro das possibilidades.
 
Não entreguei, porém, a redação. Até hoje está devidamente guardada, recordação que é de um tempo no qual eu acreditava naquelas palavras.
 
Minha pergunta, hoje, é outra. Como são os sonhos do meu lugar? Quais as chances de se realizarem? Qual a importância de se realizarem, se intactos e puros no carrossel da hipnose?
 
Precisaria de muito papel para esta redação. Ao mesmo tempo, de quase nenhum. De meia dúzia de nomes próprios que levam o oceano a meus olhos e fazem que eles vejam o infinito. De uma conversa simples em uma mesa simples ao redor da qual nada precise acontecer. De um sorriso que é metáfora, pleonasmo e superlativo da felicidade.
 
De saudades afagadas pela intensa vitalidade do amor que as sucedeu.
 

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