domingo, 15 de março de 2020

Mirrors


Hoje tive um sonho muito bonito, embora um pouco triste em seu desfecho. Mais ou menos como todo diálogo interrompido não por desejo das partes que se querem bem, mas pelo fato de a vida ser também feita do que não pode acontecer.

Quando acordei, minha mãe estava ouvindo a música Mirrors, que caiu como uma luva para o momento. Tudo, de repente, fez sentido na voz um pouco sentida de Sally Oldfield, que canta encantada, mas como se soubesse, ao mesmo tempo, o caráter provisório de todas as coisas: sonhos, emoções, pesares, realidades. Como se conhecesse, em cada nota, a importância de aproveitar os momentos felizes e não desesperar nos momentos difíceis, porque momentos.

Se existe algo chamado poesia, neste dia que homenageia tal arte, creio que seja exatamente isto: o dom de encontrar sentido até no acaso; de saber que toda sombra assim o é porque existe uma luz, em algum lugar, brilhando forte; de exaltar a gratidão de todo amor, a dádiva de cada dia.

De estar atento, enfim, aos espelhos existentes em cada olhar que passa pelo nosso, inclusive nos sonhos incompletos, neles colhendo (e plantando) a melhor centelha.

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